terça-feira, fevereiro 21, 2006

Erika (Todos os Sentidos)

Este texto, coletânea de momentos, tornando-se homenagem a alguém especial.

Erika (Todos os Sentidos)

Era vontade simplesmente de confortar-me em seus seios e dormir, mas o aroma de sua pele era estímulo por demais eficaz para abalar-me os nervos de tranqüilidade com os quais havia chegado.

Sua respiração, tranqüilamente ofegante, obrigava seu pequeno coração a disparar quantas vezes mais rápido que o meu. Ou seria o coração intranqüilo que forçava para tanto a necessidade da renovação de oxigênio em seu corpo quente?

Meu corpo, por inércia, aproximava-se a cada instante do ritmo imposto por aquelas carnes, que então acompanhavam a frenética cadência de seus motores internos.

Não tardou muito para que meus braços, assim como natos marinheiros, navegassem cá e lá, sem que se preocupassem com qualquer norte, pois que ali qualquer direção seria proveitosa, mais até que o suficiente.

Ali mesmo atreveram-se a ditar os ritmos e rumos daqueles mares, felizes como os mares de verdade quando os ventos ditam-lhes as direções e intensidades de suas ondas.

Da mesma forma que tais ondas levam tudo à terra, carreguei-a nos meus ventos ao chão novamente. Experimentei ali o olfato e o paladar das frutas que se podem encontrar nas mais lindas praias desertas. Sentia o sabor, enquanto sussurrava-lhe em minha língua tantos segredos. Todos inúteis, por serem ditos tão distantes de seus ouvidos.

Após tal desabafo, foram minhas mãos que insistiram em correr pelo seu corpo. Velozes e pesadas por segundos, lentas e tão suaves por momentos que pareciam eternos. E como se deixassem qualquer tipo de néctar por onde passassem, minha boca tornou-se um qualquer animalzinho, sedento pelo doce que aquela terra oferecia. Sussurrei-lhe mais quase tantos segredos, em distâncias tão mais longe e tão mais perto de seus ouvidos.

Mal percebi quando certa hora ela passou a notar minha respiração, no mesmo instante em que roçava minha barba em sua nuca, ali bem perto de onde surgem as idéias. Quase no mesmo lugar de onde sua percepção denunciava detalhadamente aos seus ânimos todo e cada toque entre nossos corpos. Dos pés, dos dedos, aos calcanhares, às panturrilhas, às coxas, a tudo.

Parecíamos, daquele jeito, como duas placas tectônicas, que se apertavam, contraíam-se e dilatavam-se. Milênio após milênio esquentávamos um ao outro até o momento em que nos transformamos numa única porção de magma, o mais ardente de que já se teve notícia, para então explodirmos aos ares com uma força indizível.

Chegamos aos céus numa tamanha leveza, e poder-se-ia dizer que caíamos lá pra cima.

Encontramos anjos e reconhecemo-nos um no outro.

A queda verdadeira foi terrível. Depois que se conhece o nada, tudo passa a não fazer mais sentido. Nossos corpos tremiam de dor. Qualquer ar não nos bastava naquela tarde, naquela cama.

4 Comments:

Blogger Alessandro said...

Ula la!! Desse jeito vou ter algum amigo numa academia de letras, com todas aquelas culpas e todas essas quedas!!

Abração!!

quarta-feira, fevereiro 22, 2006 12:35:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Linda homenagem, belos sentidos e belas palavras!
Te amo!

quinta-feira, fevereiro 23, 2006 8:44:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Amor, postei aquelas palavras em meu blog, quando puder veja!
Biseaus no coração!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006 9:40:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Very nice site! »

quarta-feira, março 07, 2007 4:12:00 AM  

Postar um comentário

<< Home