terça-feira, julho 17, 2007

idiótes


Tentei lembrar alguma lição que eu já tivesse aprendido, alguma experiência que eu já tivesse vivido, minhas pernas tremiam sentadas na poltrona e nem ao menos algum exemplo no qual eu pudesse me apoiar. Tontura, enjôo, meu corpo fervia por dentro e minha pele suava frio. Sem palavras ou nós na garganta, close na boca e nos olhos, agradável inquietude: um simples “eu te amo”.

Senti falta das exigências da gravidade, que tanto ajudavam a ficar em pé. O mundo girava, labinritite crônica que provocavam aquelas palavras em meus ouvidos. Nunca tinha imaginado, sequer sonhado, que isso pudesse acontecer e que era assim que acontecia. Impossível suportar. Disse que não assim que pude, do jeito que pude, sem palavras.

Saí do cinema ainda no meio da sessão e a noite continuava cinza e garoando fino e frio. Um cigarro por costume e observando os casais e os não casais, felizes e tristes pelos lugares, e perguntava ao vento como podiam ser tão idiotas a ponto de acreditarem nessas idiotices.

Procurava não me molhar muito na garoa e nem ao cigarro. Buscava esquecer as escolhas erradas e passadas; tantos filmes que não valiam a pena assistir. Cinza na noite, meu coração adormeceu e teve sonhos que eram só sonhos, num sono breve.

Procurava não lembrar a garoa, a noite, nem os sonhos, que não valia à pena insistir.

2 Comments:

Blogger Alessandra Queiroz said...

Amor,
Muito bom!
Biseaus
MInha

quarta-feira, julho 18, 2007 9:45:00 AM  
Blogger SACANITAS said...

impressionante o poder neh?

ouvi sem querer. eh foda...

"respeito tanto que me calo"

alguem disse.

beijooo
.
.
.

sexta-feira, julho 20, 2007 3:28:00 PM  

Postar um comentário

<< Home