sexta-feira, novembro 10, 2006

Não dá!


Não dá! Assim eu perco o apetite! Cancela o hamburguer simples sem maionese, que eu só peço porque é o mais barato, cancela! Pega esses trocados e me dá uma cerveja. Cobra o vasilhame que eu vou descer bebendo a Rua Augusta e sentindo o vento gelado e pensando na vida. Essa desgraça de vida, que brinca com a gente igual fliperama. E nós, que somos as bolinhas, subimos, descemos tomamos tapas de cá e de lá, marcamos alguns pontos e, invariavelmente, de uma hora pra outra, acabamos sempre no buraco, sem exceção. Vez e outra a gente até para num bilhar pra brincar de largar vidas caçapa adentro. Então vou descendo, sentindo o vento e olhando pro chão ou pro céu, ou pras putas ou os carros dos magnatas que de nenhuma forma têm a sorte melhor que a nossa.

A descida sempre pega a gente, entorpece a cabeça, adormece o corpo, o vento bate suave e é assim que está bom. Sem perder tempo, chego logo à Gruta com um vasilhame de presente e mais algumas cervejas pra pendurar. Fujo do mundo sem medo e sem vergonha. Um blues, um jazz, um rock´n roll e algumas tacadas pra acompanhar.

A fumaça do cigarro pairando sob a luz da mesa distrai, e pro relógio não há mais sentido e nem horário que justifique o infinito e sempre mesmo girar e girar e girar sem pular da parede. Eu pulo da mesa pro balcão e vai alguma conversa e bastante besteira falada e ouvida, sem restrições pra quaisquer idéias perigosas que possam surgir.

Vão-se as idéias e a vontade de andar aparece novamente. Mais umas trê ou quatro latinhas penduradas na mochila podem até me acompanhar.

Algum tempo de asfalto nos pés e as pessoas não são as mais as mesmas de antes. O que continua a mesma é a vida, que joga com a gente igual joga-se dados ou loteria, que eu nunca vi ninguém ganhar de verdade. E como numa hora tudo tem de chegar, minhas pernas chegam ao limite com tão pouco combustível. E os bares também chegaram com as nossas bebidas. E chega também de tanta gente e ruas e de nós mesmos e da vida, afinal.

Pra variar, um buraco de hotel qualquer vale pra descansar. Três ou quatro horas de sono pesado já bastam, afinal, já estou atrasado pra continuar as prestações de contas com a vida.

Volto ao seu joguinho outra vez, fazer o quê?

1 Comments:

Blogger Alessandro said...

Ler isso me deu vontade de ir ao Gruta hoje. Talvez eu vá. Não sei. Qualquer coisa, liga.

Este texto, que me deu vontade de ir ao Gruta? Ah, está ótimo. E as Coisinhas sobre amor também. :-)

Abração!

segunda-feira, novembro 13, 2006 4:19:00 PM  

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