terça-feira, fevereiro 28, 2006

Palavras...

É nas palavras que procuro, a cada dia, o prazer de passar a vida. É disso que gosto, e me faz bem.

E quando não tenho prazer ou alegrias bastantes o suficiente, além do que me aflige o coração, é nas palavras também que procuro o conforto necessário para esperar o sono.

...

Desejo sim, esquecer tudo aquilo que me traz dúvidas massacrantes e o desgosto. Faço questão! Mas a dor que dói no peito, apenas dói, sem escolhas. Disso não dá pra esquecer...

Viagem

Lágrimas rolam por aqui,
neste conflito solitário
entre mente e coração.
E... e...

...não posso dizer mais nada...

Sabemos, sim de tudo.
Tudo que nos cabe saber.
O que cabe a cada qual.
E... e...

...não consigo dizer mais nada...
...quem viu o que eu vi?...

Quantas verdades existem aqui?
Uma só, apenas uma!
E que o mais fraco arque com as lágrimas!

...mesmo querendo, não digo...
...dirá alguém o que viu?...
...se só viu,
...se quis ver,
...se quase isso
...e só quis dizer,
...se nada disso,
... e mesmo sem querer,
...com os recortes partiu,
...para não sofrer?...

E que o silêncio solitário no fim da madrugada seja desesperador!

sábado, fevereiro 25, 2006

carnaval/02/2006

Bukowski, o grande velho, num personagem de um de seus livros, “Hollywood”, na festa dos distribuidores do filme de um argumento que tinha escrito sob encomenda, enquanto olhava os produtores e atores da obra sendo aplaudidos e ovacionados pelos que estavam ali presentes:


“Nossa, pensei, e o escritor? O escritor era o sangue, os ossos e o cérebro (ou a falta do mesmo) daquelas criaturas. O escritor fazia bater seus corações, dava-lhe palavras para falar, fazia-os viver ou morrer, o que quisesse. E onde estava o escritor? Quem aplaudia? Mas era melhor assim, porra: o escritor estava no seu lugar: num canto escuro, observando.”


Sem palavras...

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Erika (Todos os Sentidos)

Este texto, coletânea de momentos, tornando-se homenagem a alguém especial.

Erika (Todos os Sentidos)

Era vontade simplesmente de confortar-me em seus seios e dormir, mas o aroma de sua pele era estímulo por demais eficaz para abalar-me os nervos de tranqüilidade com os quais havia chegado.

Sua respiração, tranqüilamente ofegante, obrigava seu pequeno coração a disparar quantas vezes mais rápido que o meu. Ou seria o coração intranqüilo que forçava para tanto a necessidade da renovação de oxigênio em seu corpo quente?

Meu corpo, por inércia, aproximava-se a cada instante do ritmo imposto por aquelas carnes, que então acompanhavam a frenética cadência de seus motores internos.

Não tardou muito para que meus braços, assim como natos marinheiros, navegassem cá e lá, sem que se preocupassem com qualquer norte, pois que ali qualquer direção seria proveitosa, mais até que o suficiente.

Ali mesmo atreveram-se a ditar os ritmos e rumos daqueles mares, felizes como os mares de verdade quando os ventos ditam-lhes as direções e intensidades de suas ondas.

Da mesma forma que tais ondas levam tudo à terra, carreguei-a nos meus ventos ao chão novamente. Experimentei ali o olfato e o paladar das frutas que se podem encontrar nas mais lindas praias desertas. Sentia o sabor, enquanto sussurrava-lhe em minha língua tantos segredos. Todos inúteis, por serem ditos tão distantes de seus ouvidos.

Após tal desabafo, foram minhas mãos que insistiram em correr pelo seu corpo. Velozes e pesadas por segundos, lentas e tão suaves por momentos que pareciam eternos. E como se deixassem qualquer tipo de néctar por onde passassem, minha boca tornou-se um qualquer animalzinho, sedento pelo doce que aquela terra oferecia. Sussurrei-lhe mais quase tantos segredos, em distâncias tão mais longe e tão mais perto de seus ouvidos.

Mal percebi quando certa hora ela passou a notar minha respiração, no mesmo instante em que roçava minha barba em sua nuca, ali bem perto de onde surgem as idéias. Quase no mesmo lugar de onde sua percepção denunciava detalhadamente aos seus ânimos todo e cada toque entre nossos corpos. Dos pés, dos dedos, aos calcanhares, às panturrilhas, às coxas, a tudo.

Parecíamos, daquele jeito, como duas placas tectônicas, que se apertavam, contraíam-se e dilatavam-se. Milênio após milênio esquentávamos um ao outro até o momento em que nos transformamos numa única porção de magma, o mais ardente de que já se teve notícia, para então explodirmos aos ares com uma força indizível.

Chegamos aos céus numa tamanha leveza, e poder-se-ia dizer que caíamos lá pra cima.

Encontramos anjos e reconhecemo-nos um no outro.

A queda verdadeira foi terrível. Depois que se conhece o nada, tudo passa a não fazer mais sentido. Nossos corpos tremiam de dor. Qualquer ar não nos bastava naquela tarde, naquela cama.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Sobre Religiões (Culpa, tem até quem nem tem.)

I
- Acende um cigarro aí!
- Agora, cara, tá pensando o quê?
- Tô pensando em dar uns tragos.
- Aqui? Cê tá ficando louco!

- Quê?
- É isso mesmo, tá louco!
- Dá aí um cigarro, porra!
- Presta atenção, calça a boca! Daqui a pouco eles tão passando aqui. Vão achar a gente se você estiver fumando.
- Vão achar de qualquer jeito, sem chance! Os caras não vão descansar enquanto não tiverem os nossos pescoços. Deixa eu fumar, antes deles chegarem, porra!
- Tá louco mesmo! Não vai fumar porra nenhuma. E cala a boca, eles vão escutar!
- Então cala a boca você, que tá gritando, paspalho!
- Gritando porra nenhuma! É melhor você ficar quieto, senão...
- Senão o quê?
- Cala a boca! Não me tira a paciência!
- A gente tá fudido, irmão, relaxa!
- Porra, tô te falando que...
- Cala a boca os dois!!!


II

- E aí, dá pra ver alguma coisa?
- Dá pra ver tudo!
- E aí, passaram?
- Faz tempo!
- Faz tempo? Por que desgraça você não avisou?
- Sei lá, tô sem pressa. Além do quê, foi a única forma de fazer vocês ficarem quietos tanto
tempo. Tava querendo aproveitar a calmaria...
- Posso dar uns tragos agora?
- Toma essa porra desse cigarro! Vamos sair daqui!
- Obrigado! ?Peraí, onde vocês vão?
- Vamos sumir!
- Por aí?
- Quê que tem?
- Por esse lado a gente só vai aparecer. Quem garante que os caras foram embora mesmo?
- Porra, eu vi os caras saindo!
- Ah, não sei não... Não dá pra confiar. Você bota fé nele?
- É mesmo, não dá pra saber...
- Vamos aqui por trás.
- Por trás, por onde?
- Por aquela rua ali, olha. É tudo escuro pra lá, eu conheço.
- É mesmo, acho que é melhor por lá.
- Vocês tão loucos! É melhor sair por aqui, dá pra ver tudo, os caras já foram embora!
- Sei não... só você tá com a visão. Do jeito que você é cegueta, é bem capaz que algum deles
esteja bem aí na frente, só esperando a gente sair daqui.
- É mesmo, ele tem razão. Você é meio cegueta mesmo.
- Eu tô indo, tchau!
- Que merda, foda-se! Se os caras aparecerem, corre cada um pra um lado e foda-se os outros!
- Com certeza!
- É mesmo...


III

- Que merda, corre! Corre!!
- Porra, eu falei que era pra gente sair por lá!!
- É mesmo, mas agora já fodeu!!!


IV - 1

- Pensou que ia dar sorte dessa vez, ná, seu filha-da-puta?
- Tô com sorte, ainda não caiu nenhum dente!
- Então toma mais essa!!! (bica na cara)


IV - 2

- Fala, seu merda, foram vocês, assume porra!
- Tá bom, tá bom! É mesmo, foi a gente, pronto falei! Só não me dá outro soco...
- Pode espancar esse merda!


IV - 3

- Então você acha que é assim? Eu sei de tudo, quer saber? Eu sei de tudo, porra, ê tô pouco me fodendo pra isso!
- Cadê os caras?
- A gente pegou os dois também. Já te entregaram feio! Contaram até história de infância, você tá fudido!
- E agora?
- Espera aí no chão mesmo, sem pressa. Vou ver o que eu faço com você.


V - 1

- Ei, me arranja um cigarro?
- Você tá louco?
- Porra, vocês já cansaram de me bater, não tô nem resistindo mais. Só quero um cigarro.
- Toma essa porra aí e fica quieto!
- Obrigado.


V - 2

- Acorda, porra!
- Eu tô acordado! Eu quero os meus direitos!
- Ih, o cara tá falando merda, apanhou demais.
- Mas a gente nem começou...
- Não, não, peraí, não precisa bater! Eu tô acordado!
- Ah, sim! Então presta atenção! Você tá ferrado, cara! Nunca mais vai voltar pra essa sua vidinha de merda, tá entendendo? A gente vai acabar com a tua vida, você sabe, não sabe? Responde pra mim, merda! Você sabe, não sabe?
- Sei... acaba logo com isso...


V - 3

- E aí?
- Tô legal, esperando. Libera os caras, eles não têm nada a ver com isso.
- Olha aqui, não vem com uma de santinho que quer salvar todo mundo pra cima de mim não, sacou?
- Saquei sim...
- Sacou o quê?
- Cara, tô quieto, esperando...


VI - 1

- E então, tá legal, filha-da-puta?
- Tô bem, paspalho!
- Porra! Dá mais uma surra nesse puto e depois libera o cara!
- Ei, peraí! Deixa um cigarro?


VI - 2

- Olha aqui, seu merda!
- Não! Não atira não, porr...!!!


VI - 3

- Levanta aí, santinho, levanta!
- Pra quê?
- Pra sumir daqui, idiota! Vai logo antes que eu mude de idéia!
- Ôpa, calma aí, tô indo! Falou, a gente se vê por aí!


VII

- Ei, e aqueles caras?
- Os caras tomaram no cú, se foderam!
- Pensaram mesmo que foram eles?
- Nem todo mundo. Tinha um cara que sabia de tudo, mas é meu camarada! E os caras se foderam!
- Cacete! A gente deu muita sorte hoje!
- É, mas e os caras? É foda!!
- É foda sim, mas cala a tua boquinha e segue a tua vida, se não quiser se foder também!
- Concordo! É melhor você ficar quietinho senão a gente acaba com você!

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O acordar...

Acordo... um colchão suado, sem lençol e um cobertor com outros cheiros que não o meu... a casa está vazia, silêncio... todo o tipo de literatura espalhada pelo chão... os móveis parecem me encarar, não lembro exatamente onde estou... penso na hipótese de ter invadido alguma casa abandonada... a imagem do aparelho de tv, jogado na sala, me faz rejeitar essa idéia... vou para o lado do aparelho de som, está quebrado... fazer o quê? Ligo a tv, quebrada... os quartos escuros, o banho gelado... acho que alguém esqueceu de pagar a conta de luz.
Há dias em que os tempos passam.
E seu tempo vai passando, passando.
Vai deixando de ser o que é.
Olha ali atrás,
sem reconhecer-se aqui.
Olha acolá, à frente,
sem nada imaginar.
Tem esses dias que os tempos passam,
fica-se parado tentando compreender.
E correr demais, mal vale a pena.
Daí olha-se aqui ao lado,
quem estava ali?
Olha aqui em volta,
e os tempos já passaram.
Então questionar-se a própria vida, nada vale.
Os tempos sempre passam,
passando a vez para refrescantes subterfúgios.
Pronto, tomei vergonha na cara e fiz! Este é o novo endereço das minhas palavras. Terei de deixar pra trás o lindíssimo layout do www.anguish2.weblogger.com.br por problemas técnicos. Tenho já alguma coisa para começar, mas não tenho tempo agora. De pouco em pouco vou republicar o que tem escrito por lá. Aliás, acho que dá pra fzer alguma coisa agora...

Post teste

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